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27 de fevereiro de 2008

AS CASAS...

Não sei explicar a minha relação com as casas... Sei que é de sempre aliás, como muitas outras coisas que me fascinam. E são as casas e os elementos que as compõem..., os telhados, as chaminés, as antenas, e AS PORTAS, com todos os seus detalhes... (os batentes, os buracos das fechaduras, as caixas de correio, as campainhas,...), AS JANELAS... (com cortinas, com grades, com portadas,...). Doí-me a decadência das casas, e tropeço "nela" a cada momento. Aveiro e o Porto estão decadentes, são ruas e ruas com casas esventradas com placas de "vende-se", casas com janelas e portas emparedadas e as outras que ainda não chegaram a tal "sorte", têm as portas e janelas descascadas de cor e verniz, os vidros partidos, restos de cortinas negras a pender, as portas têm o mesmo aspecto, e algumas, muitas estão fechadas a cadeado...

OS BANCOS DE JARDIM... (3)


OS BANCOS DE JARDIM... (2)



OS BANCOS DE JARDIM...


22 de fevereiro de 2008

UMA IGREJA AO FUNDO DA RUA...





+ IGREJAS...





A FOTOGRAFIA & O DESENHO...

""Fotografar e desenhar" - fazendo um paralelo
(...)
A fotografia é uma acção imediata; o desenho, uma meditação."
Henri Cartier-Bresson

AS IGREJAS...



Há várias razões para me serem próximas... Ir à missa todos os domingos, ter uma avó muito beata, e ainda uma tia com uma profissão pouco vulgar a que se dá o nome de Armadeira, e que consiste no aluguer de vestidos para os meninos e meninas irem na procissão vestidos de anjinhos e santos..., e então no Verão os domingos da minha infância foram passados em várias festas das redondezas a vestir meninos e meninas (alguns mais velhos que eu) de "anjinhos"..., coisa que para mim e para a minha irmã era um divertimento. Os vestidos de cetim brilhante com galões a fio de ouro e bordados a lantejoulas e vidrilhos (também bordei alguns, por cima de papel, que antes tinha decalcado com desenhos de lindas grinaldas de flores das revistas de bordados), os mantos de veludo martelado cor-de-rosa para a Rainha Santa Isabel, os mantos de veludo roxo para o Nosso Senhor dos Passos, os de veludo carmim e vermelho sangue de boi, os meus preferidos... Havia ainda caixas cheias de verdadeiros-tesouros..., coroas de rainha, coroas de espinhos, coroas de Nossa Senhora de Fátima, coroas de Menino Jesus de Praga, coroas "aureoladas" de anjos, cálices sagrados, santos sudários, olhos de Santa Luzia, espadas para o São Miguel, serras e machados de madeira para o São José, carneiros e sacos de couro à tiracolo para o São João, rosas de plástico para o regaço da Rainha Santa Isabel, cabeleiras louras e ruivas para o São João Evangelista e o Nosso Senhor dos Passos..., e um sem-número de coisas que faziam as nossas delícias..., a quem não fazia falta um domingo de praia, porque a tinha todos os outros dias da semana durante aqueles intermináveis e maravilhosos três (quase quatro...) meses de férias... Razões de sobra para que não me sejam indiferentes, juntando ainda o facto de gostar bastante dos vários estilos arquitectónicos das Igrejas e Capelas portuguesas.

A minha memória é fraca e caótica..., vou ter de voltar aos vestidos e acessórios do ofício da tia Noémia. Todo aquele arsenal de brilho e cor é único. Uma coisa tão importante que esqueci de mencionar... AS ASAS, as asas gigantes e voltadas para baixo com umas curvas sinuosas em penas naturais, e que se destinavam exclusivamente ao Anjo São Gabriel, outras de tamanho mais pequeno mas também de penas naturais e voltadas para cima para os "anjos" que invariavelmente iam de "look total" branco, rosa-bebé e azul-celeste, e ainda umas muito naïf de tule rematadas a arminho e estas eram para os "anjinhos" pequeninos que vestiam uns vestidos também de tule com sombra de cetim das mesmas cores (branco, rosa e azul) e que pareciam uns verdadeiros suspiros!!!  Também me esqueci dos mantos de cor ocre, e que os havia em cetim, veludo liso e martelado.., e muitas outras cores, das combinações com tomados e saiotes com folhos de algodão branco engomado, para armar os vestidos..., as sandálias de couro que o meu avô pintava de branco, porque nos anos 70 vestia-se os "anjinhos" "à séria", e não como agora que vão de ténis e meias às riscas. E depois faltava só a arte de os saber vestir e isso era levado bem a sério, para a qual a ferramenta indispensável era sem dúvida os alfinetes, que faziam verdadeiros milagres...