28 de março de 2008
OS TELHADOS... (2)
27 de março de 2008
26 de março de 2008
OS MERCADOS...,
e as lojas, são outra paixão-antiga. Sempre brinquei às lojas, e claro que era eu a dona da loja..., para fazer os embrulhos, colocar no saco, fazer as contas e o troco, e agradecer com um sorriso rasgado e um volte-sempre. Mas esta brincadeira raramente me corria de feição... É que entre mim e a minha irmã a diferença de idades é quase nenhuma, embora eu como mais velha achava que tinha mais direitos. Então a minha irmã deixava-me ser a dona da loja, mas vingava-se com..., "não é necessário fazer embrulho, muito obrigada.", ou comprava uma só coisa para que não fosse necessário fazer contas e sempre que podia dava-me o dinheiro certo para que eu não tivesse que fazer troco. Já não havia o sorriso rasgado mas sim discussão e fim da brincadeira a duas. A minha irmã ia brincar para a Ria ou andar de patins no pátio e eu ficava a brincar sozinha a fazer de dona-de-loja e cliente. Talvez por estas lojas a brincar não me correrem lá muito bem, tentei "à séria", e não descansei enquanto não consegui convencer os meus pais a deixarem-me vender legumes na beira da estrada (em frente a casa) aos domingos, como faziam os lavradores. E um domingo, sentei-me numa cadeirinha pequena, em frente ao portão de casa, rodeada de cestos com tomates, alfaces, cenouras, pepinos..., e os carros paravam e as senhoras achavam imensa piada a uma menina de oito anos a brincar-a-sério com os pais (tão divertidos quanto eu) a observarem na varanda. Vendi quase tudo e ainda repeti esta brincadeira mais algumas vezes, até ao dia em que o meu pai se lembrou de tornar a coisa mais urbana e moderna, e fez saquinhos de 1/2 e 1kg de cenouras ou tomates, agrafados e com etiqueta com o preço... Não funcionou. Aos onze anos, consegui que a minha mãe me deixasse ir vender para o mercado da Murtosa. A minha avó Amélia, levou-me e deixou-me com uma senhora que vendia na "praça" e que ela conhecia e tinha confiança, e lá fiquei eu que vendi cenouras gigantes (na Murtosa as cenouras são todas mínimas) e uma coisa que ninguém conhecia e que eram espinafres. Quando me perguntaram para que serviam eu respondi: "Para fazer sopa. Fica muito boa e aveludada...". Com esta "lata" naïf, vendi literalmente tudo. Aos treze anos já "estava noutra", e fui para a esplanada do café Guedes na Torreira, vender echárpes de gaze tingidas em batik (que desbotavam num instante, porque em vez de anilinas usávamos uma "tinta" inventada por mim e pela minha irmã e que consistia em mergulhar os feltros dos marcadores que já não pintavam em água...), e brincos e colares feitos com chapa e arame de latão, "muita-mal-feitos", mas que mesmo assim vendi, e mais uma vez a minha tenra idade, ajudava. Aos dezasseis, já em Aveiro, fiz brincos e colares também em latão, e em barro branco gravados e pintados, cachimbos, cinzeiros e porta-incenso, mas tudo já "mais-bem-feito" e fui vender para a FARAV-85, e para a Praia de Mira. Aos vinte e oito, arranjei antiguidades e velharias "à consignação" e fiz com alguma regularidade durante quase dois anos a Feira de Velharias de Aveiro que é uma vez por mês. Também correu bem e já tenho saudades...
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